Come a Papa, Joana come a Papa!

Isto deve ser algum sinal esquizofrénico que atesta que, finalmente, me sinto a envelhecer...

São mil e um os prazeres actuais que, em criança, acabei por negligenciar e, como eu, de certo que muitos outros me seguiram as passadas. É que se há algo que caracteriza uma criança, esse algo é uma boa dose de previsibilidade. Ou melhor, há coisas que não mudam assim de um dia para o outro, e antes da adolescência, antes do secundário ou antes da primeira saída à noite, não há ninguém neste mundo que não declare guerra aberta à sopa, aos legumes ou ao peixe.

Bem vistas as coisas, este é também um verdadeiro sinal que comprova a evolução da espécie. A idade vai-nos dando o bom-senso, a ponderação, o gosto apurado... E há que saber evoluir, claro. Culináriamente falando, entre as crianças, há uma frase que as caracteriza perfeitamente, e essa frase é o célebre "não gosto". De uma forma impressionante, consegue odiar-se o que nunca sequer se provou, seja isso azeitonas, favas, creme de ervilhas ou salmão grelhado.

Quando se odeia um pedaço de borracha, das duas uma, ou não se sabe para que é que este serve, ou então, diz-se que não se gosta porque nunca se provou.